Jefferson Cardia Simões coordena equipe de 61 cientistas de 7 países que embarcam em expedição desafiadora para estudar mudanças climáticas no continente gelado
Faltando poucos dias para a maior circum-navegação Antártica liderada pelo Brasil, os 61 cientistas da Expedição Internacional de Circum-Navegação Costeira Antártica intensificam a preparação para essa missão inédita. Partindo do Porto de Rio Grande em 22 de novembro de 2024, a equipe navegará por cerca de 21 mil quilômetros com o objetivo de coletar dados sobre mudanças climáticas e explorar áreas próximas às geleiras. Liderada pelo pesquisador e explorador polar Jefferson Cardia Simões, do Centro Polar e Climático (CPC) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a expedição reúne especialistas de sete países — Argentina, Brasil, Chile, China, Índia, Peru e Rússia —, que compartilharão tanto os desafios quanto o entusiasmo pela ciência.
Para muitos dos cientistas, a expedição representa uma oportunidade única de estudar o ambiente antártico de perto, apesar dos desafios que a jornada de dois meses impõe. Enfrentar as adversidades de estar a bordo do navio quebra-gelo russo Akademik Tryoshnikov e as baixas temperaturas exige meses de preparação, principalmente quanto ao planejamento detalhado do trabalho para garantir a excelência na coleta de dados. “Estamos focados em analisar a estabilidade do manto de gelo antártico, além de coletar amostras de poluentes como os microplásticos, que refletem o impacto global, já que a Antártica, sem fontes próprias de poluição, serve como nível base da poluição atmosférica mundial”, comenta Filipe Gaudie Ley Lindau, pesquisador do CPC, sobre suas expectativas com a missão.
O trajeto que durará 60 dias será em torno do continente gelado, contando com 16 pontos de parada para coleta de testemunhos de gelo. Durante a expedição, os cientistas enfrentarão tempestades, temperaturas extremas e as difíceis condições das águas antárticas, desafiando não apenas a resistência física, mas também o foco no trabalho de coleta e pesquisa. A bordo do Akademik Tryoshnikov, a equipe contará com laboratórios de ponta e instrumentação científica avançada para análises atmosféricas, biológicas e geofísicas, todos adaptados para operar em condições polares.
Navio Akademik Tryoshnikov, Instituto de Pesquisa Antártico, São Petesburgo. Divulgação.
Dessa vez, a equipe também estará equipada com a tecnologia avançada do satélite Starlink, permitindo que os cientistas compartilhem informações via texto, áudio e vídeo com acesso ilimitado à internet durante todo o percurso antártico. Esse recurso facilitará a comunicação e a transmissão de dados em tempo real.
Essa missão ambiciosa reflete o compromisso dos pesquisadores em estudar e enfrentar os impactos das mudanças climáticas. Os dados obtidos permitirão análises abrangentes sobre a saúde do ecossistema polar, desde o manto de gelo até a fauna marinha, revelando como as geleiras respondem ao aumento das temperaturas e às alterações na circulação oceânica e atmosférica. A missão consolida o Brasil como o líder em pesquisa polar na América Latina e representa um marco para a ciência brasileira e a atuação do país no continente antártico.
Para saber mais:
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) criou um repositório exclusivo de produções jornalísticas e materiais complementares sobre as expedições antárticas já realizadas até agora. Você pode acessar o site em https://www.ufrgs.br/expedicaoantartica/.
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