Ontem, 11 de janeiro, encerrou na cidade de Punta Arenas as atividades da "Expedição Criosfera 2022" ao interior do manto de gelo antártico.
Ao longo de 36 dias (4 de dezembro - 09 de janeiro), acampados e enfrentando temperaturas de até 24 graus negativos e nevascas, foram realizadas investigações sobre a história do clima (pela coleta de amostras de neve e gelo precipitadas ao longo dos últimos 400 anos) e medições sobre a resposta das geleiras às mudanças do clima.
Mais importante, foi instalado o módulo "Criosfera 2", laboratório automatizado para coleta de dados ambientais. O Criosfera 2 foi instalado em um sítio propicio para a investigação das mudanças climáticas na Antártica e conexões do tempo meteorológico e clima no Sul do Brasil. O Criosfera 2 liga-se a uma rede de dados ambientais entre a Amazônia e a Antártica, importante para investigar as origens e intensificação de eventos extremos como tempestades severas, estiagens, ondas de calor e frio, no atual cenário de mudanças climáticas.
O módulo Criosfera 2 está localizado em cima de uma calota de gelo - Skytrain Ice Rise (de 600 m de espessura de gelo ), ao sul do mar de Weddell, com vista para a montanha mais alta da Antártica (maciço Vinson, 4.897 metros de altitude). A temperatura no Criosfera 2 durante o inverno deve cair a 40 graus negativos. É a partir dessa região que as massas de ar frio provenientes do platô polar abastecem o mar de Weddell (no oceano Austral) no inverno e são reesposáveis na intensificação eventos extremos e ondas de frios no Sul do Brasil.
Esta missão foi realizada por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), faz parte do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), coordenado pela Secretaria Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM) e conta com financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), com recursos do Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia (FNDCT) através Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) , do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS).
O último grupo da expedição chegará ao Brasil neste sábado, encerrando as atividades.
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